Analisar o contexto atual da sociedade, percebo que o sistema social requer dos indivíduos uma produtividade exacerbada, todos os dias é necessário gerar algum conteúdo, seja no trabalho, nos relacionamentos e até mesmo em relação ao lazer. Vivemos em um contexto de que aquilo que não foi mostrado, não foi vivido, então é preciso fazer para mostrar. Infelizmente, essa alta demanda em dar 100% de si em todo o tempo tem levado a humanidade ao adoecimento.
Ao ter contato em tempo real com a vida do outro ou a “suposta” vida do outro, é inevitável a comparação, e assim a insatisfação e o descontentamento em relação à própria vida. Isso é reforçado por uma grande quantidade de influenciadores desse tempo, que oferecem fórmulas para extrair do indivíduo o seu potencial máximo, pois não apresentar resultados de acordo com o que se espera, está errado.
Vivemos em uma época em que “doenças” emocionais atingem todas as esferas da sociedade, adultos, jovens, e cada vez mais, crianças. A agenda não pode estar vazia, não cumprir vários compromissos ao dia é sinônimo de irresponsabilidade e culpa. O viver está baseado na identificação de modelos apresentados como socialmente corretos ou mais apetecidos, o que desperta uma corrida frenética em busca desse ideal.
A autoaceitação, dá lugar a aceitação pelo outro. A autoconfiança dá lugar à insegurança. Ser real, dá lugar ao medo de mostrar quem realmente é. A autenticidade genuína, dá lugar a correspondência pelo que é esperado socialmente. Ser você mesmo, já não é válido. E se adoecer, é porque tem sido fraco.
Para viver bem nessa sociedade, compreenda seus limites, seu tempo, suas necessidades e vontades. Olho mais para si mesmo e seja generoso, diminua a cobrança e respire mais.